segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sim!


aiai, mulher!

domingo, 20 de dezembro de 2009

soneto

Por seres bela e azul é que te oferto
a serena lembrança desta tarde:
tudo em torno de mim vestiu um ar de
quem não te tem mas te deseja perto.

O verão que fugiu para o deserto
onde, indolente e sem motivos, arde,
deixou-nos este leve e vago e incerto
silêncio que se espalha pela tarde.

Por seres bela e azul e improcedente
é que sabes que a flor, o céu e os dias
são estados de espírito, somente,

como o leste e o oeste, o norte e o sul.
Como a razão por que não renuncias
ao privilégio de ser bela e azul.

Carlos Pena Filho.

sábado, 12 de dezembro de 2009

"só você é real"

"Permaneço no escuro como um cego
Porque meus olhos não te encontram mais
A faina turva dos dias para mim
não é mais que uma cortina que te dissimula.
Olho-a, esperando que se erga
esta cortina atrás da qual há minha vida
a substância e a própria lei da minha vida
e, apesar disso, minha morte.
Tu me abraçavas, não por desrazão
mas como a mão do oleiro contra o barro
A mão que tem poder de criação.
Ela sonhava de algum modo modelar –
depois se cansou,
se afrouxou
deixou-me cair e me quebrei.
Eras para mim a mais maternal das mulheres,
eras um amigo como são os homens,
eras, a te olhar, mulher realmente, mas também, muitas vezes, criança.
Eras o que conheci de mais terno
e mais duro com que tenho lutado.
Eras a altura que me abençoou –
te fizeste abismo e naufraguei."

Rilke.

sábado, 28 de novembro de 2009

Slow down, you crazy child.


"Take the phone off the hook and disappear for a while.
It's all right you can afford to lose a day or two.
When will you realize Vienna waits for you?"




Para todos aqueles que têm uma estrada longa pela frente. Salve!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

lover

E no meio de toda essa ilusão etílica te tomei com muita sede, te vi puro, te vi meu. Expandi meus sentidos, troquei contigo todos os meus poderes mágicos, fantásticos. Te senti místico, esotérico, histério, me pedindo calma, me pedindo alma. Inviabilizamos qualquer tentativa de adormecimento, era tudo vivo, tudo vida. Cometemos o suicídio carnal, ali tudo ia além, tudo transcendia. Tu eras a única parte que me cabia.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

íons, cátions...















bezerra da silva foi a melhor pedida pra uma trilha sonora de romance roots!
muita harmonia, troca de energia e experiências quânticas.

sábado, 24 de outubro de 2009

samba e amor a vida inteira.

alegria requebrando por entre os móveis afastados da sala, na rede deita uma preguiça depois do almoço e nos sonhos encontra os seus semelhantes, mergulha fundo nas idéias obscuras, vive o êxtase! acorda com beijo na testa, pela porta há uma fresta por onde o crepúsculo entra. O tempo sentado na mesa do escritório fazendo as contas do mês, saudade deitada num quarto escuro, enrolada num lençol verde, a esperança vive acesa, lê perto de um abajur cor de carne. Vaidade não sai da frente do espelho, e o vermelho é onde mora a ânsia, que é muito conhecida como paixão. enquanto isso o amor faz samba sentado na varanda segurando a minha mão.

domingo, 18 de outubro de 2009




















"tudo em mim
anda a mil
tudo assim
tudo por um fio
tudo feito
tudo estivesse no cio
tudo pisando macio
tudo psiu

tudo em minha volta
anda às tontas
como se as coisas
fossem todas
afinal de contas"

leminski.

sábado, 17 de outubro de 2009

vazio e meio.

Como é difícil olhar os outros com os mesmos olhos que nos olhamos. A empatia nunca foi tão inalcançável como hoje em dia. Sentir o que o outro sente sendo isto diferente do que a gente sente é quase um universo paralelo. O outro é, de fato, outro, alguém distante, fora de si, ausente, discrepante! Um limite indubitavelmente insuportável, o muro de berlim dos desejos, o que me restringe, o que me adia. Esqueço que a minha simples existência depende de um fator imprescindível: o outro! E a liberdade, aquele pote de ouro no final do arco-íris, de nada me serviria se no mundo só a minha existência fosse reconhecida. Talvez por isso os nossos olhos não sejam nas pontas dos dedos, e sim no rosto, face essa que só é capaz de olhar o outro e não a si. Preciso de um espelho, algo fora de mim, que me mostra, que me simula, que nada sei sobre mim diante do que é refletido. Um simulacro, e nada é revelado. Meus olhos mentem, os olhos vivem de aparência. Doença, demência que entorpece a todos, que cega ao mesmo tempo que enxerga, que avista e avisa e mente, mentiras os olhos dizem todo dia. Mas e os ouvidos, e os sentidos e. Estão todos contra mim, estou eu contra todos? Contra o outro, contra mim que também sou outro, contra meus sentidos, meus olhos que tanto achei que me guiavam? Em quem/que eu devo confiar? Em minha consciência que não sei se é consciente, ou em meu inconsciente que nem sei se existe? No meu sexto sentido... e ele existe? Preciso de uma mão que não a minha, preciso do pulsar de outrem, do olhar de outrem, da voz. Me guio pelo aroma do outro, pelo cheiro de carne viva pulsante, pensante. Preciso do excesso do outro pra me completar. Sozinho sou um vazio e meio.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Na ladeira

Lá vem ele descendo a ladeira, regata verde musgo, bermuda xadrez. Raul sempre foi muito previsível, menino de verão, sempre livre! Ele acredita que pode voar, mas nunca arriscou uma tentativa. Mora dentro do quarto, janelas bem fechadas, ventilador ligado 24h, computador, cigarros. Muito calado, muito amor e carinho garganta a dentro. Raul é pálido, veias bem azuis, roxas, meio esverdeadas, dorme numa cama de casal. Manso, silencioso, esquisito às vezes, forte, muito forte, braços firmes, olhos profundos, raul carregava o mundo e não sabia, sabia das horas insone que vivia entre quatro paredes, sabia dos ponteiros passando do relógio, sabia do vento que não ultrapassava o vidro daquela janela. Ô, raul, esse teu mundo não é mais só azul, a vida te fez enxergar ele cinza. Raul procura um amor, um amor de blusa preta, calça jeans, cabelo solto despenteado, olhos desconfiados, cara de quem pede ajuda. Raul procura a rua, a estrada crua, sem asfalto, sem fim. Torcer pra que ele encontre, num momento não tão longe, o que tanto se esconde, mas que está dentro de si.

sábado, 12 de setembro de 2009

queda de energia

acordo. me sinto presa à cama. um cheiro estranho impregnou o meu quarto. não sei o que aconteceu ontem, nem de onde vem esse cheiro que me dá náuseas e me faz fraca. não consigo me levantar da cama. penso em Kafka, penso na metamorfose. preciso levantar. talvez a inércia de meu corpo queira dizer algo. e quer, mas não compreendo. penso em um curta preto e branco que assisti ontem: disto eu lembro bem. era preto e branco, ontem. pedaços do meu corpo doem. não sei o que aconteceu. estou desprevinida demais para tentar lembrar. deixei escapar todos os meus suportes emocionais, toda minha força física, acredito, foi perdida ontem. quem eu era? a cama ainda me prende, meu corpo ainda se abraça com ela. minha paciência se esvai, se expõe pelos poros de meu corpo. estão todos abertos, respiro por inteiro. com a janela fechada o cheiro nunca vai sair. mas estou presa. o que aconteceu ontem? quem eu fui e o que fiz? estou presa. será que é isto?

domingo, 16 de agosto de 2009

o grande dilema de quem não tem nada a dizer:

quarta-feira, 29 de julho de 2009

abstinência I

E tudo há de se dissipar. Virar resquício no universo. Deixar-de-ser. Transformar-se, evoluir. Sobrarão, sim, algumas reminiscências, uns restos de ontem, alguns fios de cabelo perdidos no tapete do banheiro. O ar já não será mais o mesmo, misturado com tudo o que se perdeu será doce, e se inspirado demais poderá causar náuseas. A náusea. E ela te fará lembrar de nós, dos dias, das noites, das vezes de amor ao pé da lua, recitando poesias pro outro dormir. Encantado eram os carinhos que nem precisavam de toque, teu olhar era um deleite, e te tocar me ardia, era o mais alto grau das sensações. Minhas reflexões de hoje são memórias, lembranças, não há nada de novo. Só o ontem permanece em minha mente, só ele faz parte de mim e me ofusca os sentidos, me deixa sem ar, por vezes sem voz, sem vez. E eu só queria te ter, reter pra mim todo o teu poder, teu domínio sobre mim me dava luz, me fazia existir por entre as gramas desse jardim antigo, onde deitei um dia pra me unir a ti, pra ser um só. Te contaminar com meu sangue, com as minhas entranhas, com meu mistério, meus segredos. Te encontrar no infinito me acalma, me sossega. Depois do amor é pro infinito que se caminha... e é lá onde eu quero repousar agora, enfim.

domingo, 26 de julho de 2009

Ndsgn

depois de muita melancolia vem o cansaço! ê, coisa boa. uma gripe pra refrescar e acalmar os nervos cheios de adrenalina dopamina loucos e frenéticos de mais de uma semana sem descanso acordando às 9 a.m e indo dormir de 7 a.m. chuva e barraca abafada, muitas trocas, o perigo da saliva, o suor, amizade, susto e lágrimas de crododilo, vai. cléopatra e mickey, febre de 39 graus, boca e olhos visivelmente inchados. pulseirinha verde cheia de treta, pimentas e muita saudade. perdendo aqui, ganhando ali. valeu a pena! agora fixar os olhos no horizonte e se preparar pras possibilidades de agosto. pensamento positivo, energia sendo armazenada nessa ultima semana, um buraco enorme esperando pra ser preenchido e um pouco de sangue que não se sabe porquê veio.

beijo.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

por que as pessoas têm que se separar?
e por que a gente tem que sentir esse frio na barriga e essa sensação de vazio?
por que as pessoas que a gente tem afeto não podem ficar junto da gente?
por que elas vão embora?

quarta-feira, 15 de julho de 2009

leve 12 pague 10.

é que essa falta de amparo me faz sucumbir. sem rédeas, nem freios, sem receios, jogando o corpo no espaço. perdida! sem tempo, sem ninguém me esperando pro jantar, nem pro almoço, nem pra assistir aquele filme antigo casablanca. sem paredes, nem muros, mantendo contato com o universo, o planeta em suas mãos. possibilidade como palavra chave, a chave que vai abrir todas as portas e janelas e. e que vai abrindo a cabeça, a mente, os pulmões, cada vez mais ar, sangue correndo freneticamente nas veias. vontade incontrolável de se expor, de gritar, se despir. nua pro mundo, poros todos descobertos, abertos, com frio, com fogo. expelindo suor e segredos, e gestos que são feitos involuntáriamente por entre palavras inteligíveis que vão sendo vomitadas pela boca seca, roxa de vinho, amargando, sangrando os dentes, deixo escorrer o vermelho que rege a vida. o coração que se materializa em garrafas, e latas de cerveja espalhadas pelo hall do apartamento, e que morre em menos de 500g, para de bater e dorme. dorme até a próxima dose, o próximo viver. desamparo comprado em lojinha de conveniência, vendido por menos de 15 reais.

terça-feira, 30 de junho de 2009

well, I won't stop all of my pretending.

Bom, essa talvez seja a minha última parada aqui, talvez não. Who knows? É. Eu deveria aproveitar intensamente esse momento, sugar o máximo dele, deveria. Deveria parar com muitas coisas, mas não vejo motivo para tal. Gosto dessa comodidade que eu me sendo me proporciono, das minhas inúmeras possibilidades, inclusive a de saber que essa pode ser a minha última vez, ou não. Talvez eu tenha vários motivos pra querer continuar... talvez não. Quem me diz se esses motivos são plausíveis e dignos de continuação? Quem?

chegou a minha. preciso ir.

!

domingo, 28 de junho de 2009

meta(morfose)

vou viajar. passar 13 dias fora. fora mesmo! fora desse meio vicioso, lugar novo, novos ares, me deitar numa cama diferente, com uma varanda de frente pro mar, o mar, me lavar, a alma, ser limpa. to aberta para as mudanças. de braços abertos, como o cristo. abraçar o mundo, as pessoas, as inúmeras possibilidades do ser. é isso que eu quero. é só o que eu sei pensar e dizer agora.

emergindo com facilidade.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

estruturante.

falta algo.


ainda bem!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A culpa é de Dora.

Dor de cabeça insuportável. Folhas e pontas de cigarro espalhadas pelo chão da sala. Dora quebrou o vidro do centro, bêbada. Agora só cabe um copo e um cinzeiro em cima. Não tem mais espaço algum na pia, panelas e pratos e copos, talheres. Acho até que faltou água, não sei. Há dias não sei o que é um banho. Não abri as janelas hoje, e já são cinco horas da tarde, acho que o sol se pôs. Sei o que devo fazer, mas não quero. Eles me dizem o que eu deveria, onde eu deveria, com quem eu. Não quero. E isso importa. Só! Sei dos meus passos, quando caminho em contramão: eu sei. Eu me conheço até onde os meus sentidos me permitem. Me toco, me olho, me sinto, me sei muito bem. Conheço todas as minhas cavidades, internas, externas, literais. As faltas, ausências, urgências: conheço todas mais do que a palma da minha mão. Enrrugada, por sinal. Tenho 32 anos e sei perfeitamente o que quero. Moro só, pago algumas contas quando dá, quando não dá, eu fumo. É isso. Eu fumo, trago, tudo, todo, eu sumo, me escondo, fecho as janelas, esqueço a pia, no centro ainda cabe um copo e um cinzeiro, tudo bem. Eu sei o que eu quero. Meu último cigarro acaba, não tenho mais pra onde correr. Tédio. Recorro aos remédios, pílulas, ansiolíticos, psicotrópicos, ápice, clímax. Durmo.

domingo, 31 de maio de 2009

AB-REAGIR!

isso aqui vai voltar a funcionar: to precisando vomitar algumas coisas.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

domingo, 15 de março de 2009

verosímil

É que exatamente na hora em que ela me ligou eu estava na parte crucial daquele livro que eu te falei, e era quando eu descobriria o que aconteceu com o papel que estava no chão e não foi apanhado, e com o rapaz que já não era mais livre, ele não fazia mais o que queria, ou não conseguia fazer, como por exemplo, apanhar o papel do chão. aquele livro se apropriou de mim, de fato eu me encontrava em outra dimensão, era muito surreal! eu me vi perdida por entre aquelas letrinhas, aquele papel amarelo cheio de poeira e ácaros. e fui me permitindo conhecer o eu daquele homem em desespero, naquela mesa de bar observando os celibatários alucinados bebendo e falando alto. fui submergindo, e indo, e indo... até não ter mais domínio sobre as minhas vontades. não consegui parar de lê-lo. eu estava presa, e não houve nenhuma tentativa de resistência. é engraçado porque ninguém acredita que eu não fui à festa por esse motivo, aparentemente, tão banal. mas é tudo verdade, é tudo verdade, acreditem! eu precisei me afundar naquilo, apreender todo aquele dilema, aquela situação, pra só depois me ver livre do todo. foi um alívio quando consegui chegar ao final. emergi do fundo daquela outra vida, cheia de ambiguidades, de vazios, de mesas de bar, de pessoas falando alto e ininterruptamente. talvez ele nem pudesse ouvir o seu próprio pensamento. talvez ele nem pensasse mais. é, fica pra próxima!

quinta-feira, 5 de março de 2009

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

John

Para ouvir ao som de "Comentários a respeito de John", de Belchior.

Meditação. Isso! Com direito a lenço vermelho no chão, almofadas indianas compradas na cidade: leve 3 pague 2, aquele Buda que eu ganhei de amigo secreto do Flávio, grande Flávio amigo & confidente, e vários incensos acesos pela sala. Apenas o som da chuva. Era segunda-feira de carnaval e chovia muito, torrencialmente, com direito a trovões e relâmpagos e aquela tensão para achar as velas caso faltasse energia e o clima esquentasse. Os quatro dias mais inesperados da minha existência. Toda aquela idéia de mudança de planos havia dado certo. O lance da alimentação light, dos pensamentos positivos, do otimismo, da água, do branco, do clean. Poxa, nunca imaginei que daria tão certo. Meditei durante quatro dias, contemplei até onde os muros da minha casa me permitiam, as árvores plantadas por parentes da minha primeira geração, algumas mudas plantadas por mim e por ele, alguns jarros ainda vazios no canto esperanto por terra, por vida. Brinquei com os trovões e relâmpagos, consegui filmar dois com muito sacrifício. E tudo podia continuar assim por mais quatro dias, pra limpar todo o meu recente passado, pra limpar as pessoas sujas dessa brincadeira tensa, pra molhar ele todinho, pra ele se sentir frio e desamparado diante de tanto calor humano que ele imaginava que tinha, quando, na verdade, o máximo que ele possuia eram os ossos e um cabelo recém-escovado naquele salão da esquina. Quero que a água da chuva carregue ele pra longe, pra um rio grande e bonito, e que lá ele desague em paz. É, o tempo andou mexendo com a gente, sim, modificou alguns sonhos, idéias, até aqueles pensamentos meio sem nexo que a gente tem antes de dormir, e que faz a gente sorrir no escuro da noite, e o coração bater mais forte e até perder o sono. Engraçado como muda. Como os pensamentos são outros, como amor e ódio conseguem andar tão juntos a ponto de se confundirem. Let it be, diziam eles... E é isso que ando fazendo: medito! Deixo que o ar desarrume meu cabelo, que a chuva molhe as minhas pernas, que as pessoas riam das minhas histórias dissonantes e me permito rir também. Medito, para mim e para os que virão, para o meu futuro próximo que eu espero com a paciência de um monge, e com a vontade de um urso faminto. O passado é voragem!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Os óculos.

Chegou muito cansada, passou a tarde inteira andando. Subiu as escadas correndo, e nem precisou tocar a campainha, estava tão ofegante que pude ouvir sua respiração do outro lado da porta. Abri sorrindo. Sempre sorria quando o assunto era ela. Incrível como aquela mulher me doía. Nem pediu licença pra entrar, mas também nem precisava. A minha casa era a sua casa. Eu era todo dela e nem questionava nada, nunca! Entrou e foi logo dizendo: nossa como o sol tá quente, no ceará os raios ultravioletas chegaram no ponto máximo de 14graus, e eu andei tanto hoje à tarde procurando aqueles benditos óculos redondos pra usar na festa, andei, andei, terminei que encontrei aquela minha amiga da época de colégio, tomamos um suco juntas e conversamos coisas de mulher, sabe como é, né? e aquele livro que tu me pediu, achei naquele sebo café&cia, mas o preço não tava em conta e o livro tava meio usadinho, mas peguei o cartão, assim que aparecer outro o rapaz falou que me ligaria, sim, preciso de um banho, tem comida aí? tem vinho? E o óculos, comprasse? Perguntei. Ah, sim! o óculos, hahahaha, comprei, comprei sim. Toda noite me pergunto como foi que ela me conquistou, me conquistou, me entorpeceu. Não consigo me desvincular, estou preso, fraco, não tenho motivação suficiente pra me separar dela, e nem quero. Não conseguiria acordar todo dia pela manhã sem vê-la ao meu lado na cama sempre mais preguiçosa do que eu, manhosa, deitada, me pedindo um café com leite ou suquinho de laranja, adoro o movimento que os lábios dela fazem quando ela fala suquinho. É, tirando o tempo que uso para pensar sobre Heráclito e Parmênides e sobre toda aquela teoria do movimento, aquele lance de Phýsis, cosmos, harmonia, deuses, grécia antiga e. Tirando todo esse tempo, o meu mundo gira em torno de outro mundo completamente oposto, giro em torno de uma impermanência vibrante, falante, colorida, intensa, visceral. Logo eu. Logo eu que transmito gratuitamente à ela toda a minha permanência, a minha presença, meus dedos e os braços, as pernas, os ouvidos, pescoço, garganta, língua, rins, fígado, pulmão e coração. E todas as veias, e tecidos, músculos e células. Minha alma. Todas as minhas memórias são dela. Toda lembrança, toda música, novelas, filmes, fotos, fatos. E não, não pensem que é algo unilateral, que só eu me doo. Eu sei, ela é toda minha também, ela não consegue se afastar, a casa dela sou eu, o ar que ela respira sai do meu nariz, o coração dela só bate após o meu, o equilíbrio dela? eu! Todo esse brilho que ela tem, toda essa vida, esse corpo duro e saudável é meu, é tudo por mim, o objetivo da vida dela sou eu. O mundo dela também gira em torno do meu, nos encontramos sempre nesse movimento circular constante. Nos entregamos, nunca resistimos ao charme do outro, a voz do outro, ao calor do outro. Ela é a minha arte, minha poesia, meu soneto, meu tom. Sempre que ela me chega, fecho os olhos sem medo. Eu sei o que me desperta todas as manhãs. A minha vida dorme ao lado.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sastisfação, minha jente!

Bom, vou voltar a atualizar aqui logo logo! Tô cheia de idéias e de inspiração. Vamos torcer! Também preciso de calma pra organizar tudo antes de pôr em prática, capiche?! É, é isso. Provavelmente depois do carnaval (eu mereço!!!!), eu começo tudo novamente.

saúde e paz!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

de M pra mim.

"Não sei como desejar um feliz aniversário melhor pra ti,
afinal de contas sou apenas um sujeito comum,
falando de coisas comuns, como todos os outros,
E repleto de sentimentos comuns; a massa falante,
Quiçá, pensante e aspirando momentos vindouros...

Vindouros de esperança e desejo! Querendo,
Quase que sem parar, o que Platão já falava...
Belo, bom e útil... E nada de novo, novamente.
Olhar figura impar... Irreverente e ainda indecisa,
Broto e aspirante ao devir, com sorriso de sol,
desejante do infinito neste instante e não depois...
Estrela que se inflama ao desejar o mar...

Da incógnita que se revela da personalidade insondável,
Dos mistérios dos olhos sinuosamente ornados,
Envergonhados e fugidios, transbordam o futuro...
A fome de vida, de liberdade, ainda que não se saiba,
Ao certo o que fazer com ela...

Beijos do amigo,

M."

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

sentido!
















"i can forget about myself trying to be everybody else
i feel allright that we can go away
and please my day
i'll let you stay with me if you surrender"

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

I just got lost!




















"just because i'm losing
doesn't mean i'm lost
doesn't mean i'll stop
doesn't mean i'm across

just because i'm hurting
doesn't mean i'm hurt
doesn't mean i didn't get what i deserved
no better and no worse"

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

nineteen.

escrevi alguns últimos acontecimentos com a única intenção de colocá-los para fora de mim. to sem escrever porque ando concentrada nos meus últimos dias com 19 anos... afinal, nunca mais terei 19 anos nessa vida. to fazendo uma planta da minha nova fase 2.0, comprei pregos e martelos e alguns anti-inflamatórios. hahahahaha vou quebrar as janelas!!!

ah, e doce demais enjoa, vai. eu ainda fico com o temperinho suave. é, to dando satisfação a mim mesma. preciso me deixar por dentro de tudo o que eu pretendo fazer nessa nova fase (sugestão mental, se é que me entendem). talvez eu discorde de metade do que eu disse durante esses 361 dias, metade do que eu escrevi, do que eu fiz e quis. aiai. acho que me arrependi mais do que tudo. 361 dias e alguns tantos arrependimentos na consciencia. 20 anos e o melhor presente seria um filtro... uma coisa meio barroca: bem e mal. deus e o diabo. cães e gatos. é sério, tem gente que não se mistura! err.. ao menos não deveria.

e a moral da história? "Assim como não se deve misturar bebidas, misturar pessoas também pode dar ressaca".

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Comemoro!

Tudo que é sólido desmancha no ar.
Imagine o que nem sequer chegou a ser sólido...
Definitivamente há bens que vem para o bem! hehe.

Desabafos à parte, e tudo há de voltar ao normal. E tudo acaba de voltar ao normal!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Seca & Quente.

Cansei de ar, de me dar. Quero sufocar! Cansei de dias azuis e amarelos, quero preto e branco... vermelho. Vou quebrar todos esses espelhos, cansei dessa verdade, dessa carne branca, desisti das intensidades, desisti de ser intensa e superficial, não quero mais ser paradoxal. Ando sem nenhuma crença, não acredito mais nem nesse ar, nesse mar azul escuro, na areia, nessa veia roxa onde corre muito pouco sangue, nesse ventre que não para, quero estancar! Ci-ca-tri-zar. A cura, ou uma loucura mais normal, alguém mais real, com ossos e cérebro, com garganta e voz. Quero ter mais vergonha, fumar menos maconha, ser mais racional, quero vender esse meu carro, velho e usado, e junto com ele te dar de graça o meu passado, leva esse fardo e estaciona à beira de um penhasco, que depois a tempestade vem e faz um estrago. Deixe, vá, deixe que o tempo passe, não se mova, nem ouça, não se comova, ria, sorria, a vida é uma piada, uma roupa mal lavada, um dadaísmo, um final de novela mexicana, uma havaiana dançando funk no rio, um barril de vinho seco e quente, um mar de gente numa ilha no oceano atlântico, um sexo tântrico, um tango, oh, tango is true! Faça isso, ligue o rádio, acenda um cigarro e trague, rasgue, se estrague, se use, se goze, se goste. Mas não se dê, não, se prenda, se segure, entenda... não é tudo. Na verdade não é isso que você quer, não é nada disso que você quer. Mas eu sei o que você espera, Vera, eu sei quem era, mas espera que um dia o teu chega. Mas se deita, senão cansa!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O último pedido pra lua.

Ando perdendo demais a cabeça por aí! Ando me dizendo aos quatro cantos do mundo, me enrolando por entre o fio do telefone madrugada a dentro, me partindo em vários pedaços pra caber em todo canto ao mesmo tempo, pra me dar a você e pra continuar me tendo. Olhe, e isso é porque tudo que você sabe não é nada, não é nada do que era pra ser sabido, do que era pra ter sido dito, mas tu construiu um muro, um grande muro no meio do caminho, muito cimento e orgulho, muito tijolo e vingança. E do outro lado eu consigo te imaginar sentado debaixo de uma árvore seca, tomando um café amargo e quente, e na mesa um copo com água e açúcar, daquele que tu gosta de beber, de dizer, lembra? Mas eu tentei, juro como tentei ser menos fatalista, e te abrir os olhos, ou os braços, te mostrar que não existe só um caminho, e que no mesmo caminho podem ter vários passos. Tu tens feito um ótimo papel de espelho, tua reação é o meu reflexo, talvez eu tenha mais culpa (culpa?) por ter te transformado nisso, nesse monstro de uma cabeça, dois pés, duas mãos, e meio coração. É, fatalista. Mas eu sei, é um doce te amar, amargo é ter que aprender a lidar com tua resistência, com essa sede de vingança, com esse prato de sopa e esse garfo, com esse tempo que vem sendo perdido, com tudo o que está sendo esquecido... Abre esse coração, me aceite, vá, me queira de volta, me entenda, compreenda que o mundo gira, e ele girou de novo agora, tá na nossa hora. Me inspire, me deixe te fazer uma surpresa, seja a minha surpresa, a minha certeza. Vai, vamos forrar essa mesa, as velas, desforre essa cama, me chama, apague todas as fotos, os fatos: também não quero que seja uma volta. Tudo novo! Aqui dentro tudo já foi limpo, tá lindo, acende essa luz, logo! Ou pelo menos vamos quitar essas pendências, ainda tenho muito de tu aqui dentro, algumas roupas, uns livros, umas frases, alguns cheiros, um pouco de suor, de janeiro, e também ando sentindo falta de algo que é meu e está em tu, me devolve, se devolve pra mim. Não faço questão de data comemorativa, nem papel de presente, nem trilha sonora, nada, pode chegar verde, cru, em carne viva mesmo, pode se chegar com os restos do ontem, eu dou um jeito, te arrumo, ajeito. Preencha esse hiato, esse vácuo, naquele silêncio do telefone cabem muitas vozes, muito amor, muita vontade. É porque tu não sentiu meu coração ainda. Me toque, eu deixo. Me veja de perto.

put me in your dry dreams












cook me in your breakfast
and put me on your plate
'cause you know I taste great
yeah, you know I taste great...

domingo, 11 de janeiro de 2009

it´s dare

Harmonia. Tente não quebrá-la. Depois, você não precisa mais de certezas. Você só precisa de descanso. Preciso existir. Tirar a maquiagem e limpar bem esse rosto, dar um fim a essas roupas apertadas, esses sapatos desconfortáveis. Essas coisas que apertam a pessoa, isso, isso aí que vai te impedindo de ser. Descarte. O que não é descartável hoje em dia? Ouse! Não mais me assustarei com obviedades, nem com pessoas de mãos dadas. Darei, com certeza, mais atenção à pessoas na fila do banheiro, às vezes elas te fazem não perder a cabeça: "não-vale-a-pena!". Por favor, preciso de auto-controle! Água com açúcar. Calma. Não quero mais ser controlada pelas minhas vontades hipermodernas que pouco têm respeitado o outro: limite insuportável que dita até onde você deve ir. Sentimentos primitivos emergem a cada gole. Preciso de alguém que segure as minhas mãos, que me prenda, não importa como, mas que sacie. Preciso existir. Fazer desaparecer todos esses fantasmas ávidos que me rondam sem intervalo. Preciso de novos olhos, novos ouvidos, novas vozes, um corpo todo novo, puro! Um existir novo, sem passados, sem futuros. Um agora. It´s dare, it´s dangerous!

Talvez você compreenda mais os acontecimentos quando eles estão fora do seu alcançe.

domingo, 4 de janeiro de 2009

pneus.

Agora senta aí e presta bem atenção: você não está cansada, não? nem doente? e o tal enjôo? E essa vida, as ligações, esse telefone aí, os números, a sorte. Cadê?! E esse vento, e o tempo, e as palavras, mulher, cadê? Acorda! Levanta! Tas cansada, não? Tas viva, pelo menos?! Viaje. Por que não pra Marte? As passagens pra Saturno estão com um preço ótimo, se tu fores rápida ainda consegues pegar o verão, as praias... vai, se manda, some, desaparece, evapora. Vira gás e voa, embaraça cabelos mais cheirosos, esfria essa cabeça quente, balança essas folhas que estão paradas aí há anos, marrons e secas. Desliga essa luz, essa televisão de 14 polegadas comprada a prazo, abre as janelas, respira, inspira, expira, se vende, se tente, se acredite, se desprenda, aprenda. Andar é bom, caminhe. Espelhos, reflexo, desligue esse tédio, escreva. Compreenda o círculo, analise a roda, a volta, o chão, pise, sinta. Pneus também servem. Qualquer coisa que gire, que circule, oscile, que mude, que passe e que retorne. O retorno é muito importante. O retorno é a revisão, e é também a prova. Você aprendeu mesmo tudo? Aí você me responde com isso, com esse desespero súbito, essas mãos presas ao cabelo, esse vermelho, esse ódio. Pra quê? Te pergunto. Olhe isso, lembre-se do círculo, gira, gira, gira... lembrou? Esse é o melhor remédio, é a cura, é exatemente disso que você precisa, de remédios, de limites. Limites, eu disse. Simples, na farmácia da esquina você pode encontrar o genérico, é mais em conta e tem a mesma eficácia. Você pode até aproveitar e comprar um esparadrapo, éééé, es-pa-ra-dra-po, pra colocar no meio da sua cara, melhor, na sua boca. Cale-se. Reaja de outra maneira, comece fazendo sexo sem amor, aprenda algum instrumento, leia, desenhe, rabisque as paredes do seu quarto, e quando tudo voltar e você se vê nesse estado de novo, lixe as paredes e as pinte. Se suje, se limpe. Se seja, não importa como, se veja. Mas fique calada, tome esse limite, e cale-se. Desligue esse telefone, pelo amor de Buda, de Gandhi, de Jah, de Deus. E não se preocupe com a conta: o mundo gira, esqueceu?