terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O último pedido pra lua.

Ando perdendo demais a cabeça por aí! Ando me dizendo aos quatro cantos do mundo, me enrolando por entre o fio do telefone madrugada a dentro, me partindo em vários pedaços pra caber em todo canto ao mesmo tempo, pra me dar a você e pra continuar me tendo. Olhe, e isso é porque tudo que você sabe não é nada, não é nada do que era pra ser sabido, do que era pra ter sido dito, mas tu construiu um muro, um grande muro no meio do caminho, muito cimento e orgulho, muito tijolo e vingança. E do outro lado eu consigo te imaginar sentado debaixo de uma árvore seca, tomando um café amargo e quente, e na mesa um copo com água e açúcar, daquele que tu gosta de beber, de dizer, lembra? Mas eu tentei, juro como tentei ser menos fatalista, e te abrir os olhos, ou os braços, te mostrar que não existe só um caminho, e que no mesmo caminho podem ter vários passos. Tu tens feito um ótimo papel de espelho, tua reação é o meu reflexo, talvez eu tenha mais culpa (culpa?) por ter te transformado nisso, nesse monstro de uma cabeça, dois pés, duas mãos, e meio coração. É, fatalista. Mas eu sei, é um doce te amar, amargo é ter que aprender a lidar com tua resistência, com essa sede de vingança, com esse prato de sopa e esse garfo, com esse tempo que vem sendo perdido, com tudo o que está sendo esquecido... Abre esse coração, me aceite, vá, me queira de volta, me entenda, compreenda que o mundo gira, e ele girou de novo agora, tá na nossa hora. Me inspire, me deixe te fazer uma surpresa, seja a minha surpresa, a minha certeza. Vai, vamos forrar essa mesa, as velas, desforre essa cama, me chama, apague todas as fotos, os fatos: também não quero que seja uma volta. Tudo novo! Aqui dentro tudo já foi limpo, tá lindo, acende essa luz, logo! Ou pelo menos vamos quitar essas pendências, ainda tenho muito de tu aqui dentro, algumas roupas, uns livros, umas frases, alguns cheiros, um pouco de suor, de janeiro, e também ando sentindo falta de algo que é meu e está em tu, me devolve, se devolve pra mim. Não faço questão de data comemorativa, nem papel de presente, nem trilha sonora, nada, pode chegar verde, cru, em carne viva mesmo, pode se chegar com os restos do ontem, eu dou um jeito, te arrumo, ajeito. Preencha esse hiato, esse vácuo, naquele silêncio do telefone cabem muitas vozes, muito amor, muita vontade. É porque tu não sentiu meu coração ainda. Me toque, eu deixo. Me veja de perto.

Um comentário:

Laura Bourdiel disse...

"...nesse monstro de uma cabeça, dois pés, duas mãos, e meio coração..." simplesmente fantástico! Adorei o texto... cheio de tudo.


¡besitos!