segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

John

Para ouvir ao som de "Comentários a respeito de John", de Belchior.

Meditação. Isso! Com direito a lenço vermelho no chão, almofadas indianas compradas na cidade: leve 3 pague 2, aquele Buda que eu ganhei de amigo secreto do Flávio, grande Flávio amigo & confidente, e vários incensos acesos pela sala. Apenas o som da chuva. Era segunda-feira de carnaval e chovia muito, torrencialmente, com direito a trovões e relâmpagos e aquela tensão para achar as velas caso faltasse energia e o clima esquentasse. Os quatro dias mais inesperados da minha existência. Toda aquela idéia de mudança de planos havia dado certo. O lance da alimentação light, dos pensamentos positivos, do otimismo, da água, do branco, do clean. Poxa, nunca imaginei que daria tão certo. Meditei durante quatro dias, contemplei até onde os muros da minha casa me permitiam, as árvores plantadas por parentes da minha primeira geração, algumas mudas plantadas por mim e por ele, alguns jarros ainda vazios no canto esperanto por terra, por vida. Brinquei com os trovões e relâmpagos, consegui filmar dois com muito sacrifício. E tudo podia continuar assim por mais quatro dias, pra limpar todo o meu recente passado, pra limpar as pessoas sujas dessa brincadeira tensa, pra molhar ele todinho, pra ele se sentir frio e desamparado diante de tanto calor humano que ele imaginava que tinha, quando, na verdade, o máximo que ele possuia eram os ossos e um cabelo recém-escovado naquele salão da esquina. Quero que a água da chuva carregue ele pra longe, pra um rio grande e bonito, e que lá ele desague em paz. É, o tempo andou mexendo com a gente, sim, modificou alguns sonhos, idéias, até aqueles pensamentos meio sem nexo que a gente tem antes de dormir, e que faz a gente sorrir no escuro da noite, e o coração bater mais forte e até perder o sono. Engraçado como muda. Como os pensamentos são outros, como amor e ódio conseguem andar tão juntos a ponto de se confundirem. Let it be, diziam eles... E é isso que ando fazendo: medito! Deixo que o ar desarrume meu cabelo, que a chuva molhe as minhas pernas, que as pessoas riam das minhas histórias dissonantes e me permito rir também. Medito, para mim e para os que virão, para o meu futuro próximo que eu espero com a paciência de um monge, e com a vontade de um urso faminto. O passado é voragem!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Os óculos.

Chegou muito cansada, passou a tarde inteira andando. Subiu as escadas correndo, e nem precisou tocar a campainha, estava tão ofegante que pude ouvir sua respiração do outro lado da porta. Abri sorrindo. Sempre sorria quando o assunto era ela. Incrível como aquela mulher me doía. Nem pediu licença pra entrar, mas também nem precisava. A minha casa era a sua casa. Eu era todo dela e nem questionava nada, nunca! Entrou e foi logo dizendo: nossa como o sol tá quente, no ceará os raios ultravioletas chegaram no ponto máximo de 14graus, e eu andei tanto hoje à tarde procurando aqueles benditos óculos redondos pra usar na festa, andei, andei, terminei que encontrei aquela minha amiga da época de colégio, tomamos um suco juntas e conversamos coisas de mulher, sabe como é, né? e aquele livro que tu me pediu, achei naquele sebo café&cia, mas o preço não tava em conta e o livro tava meio usadinho, mas peguei o cartão, assim que aparecer outro o rapaz falou que me ligaria, sim, preciso de um banho, tem comida aí? tem vinho? E o óculos, comprasse? Perguntei. Ah, sim! o óculos, hahahaha, comprei, comprei sim. Toda noite me pergunto como foi que ela me conquistou, me conquistou, me entorpeceu. Não consigo me desvincular, estou preso, fraco, não tenho motivação suficiente pra me separar dela, e nem quero. Não conseguiria acordar todo dia pela manhã sem vê-la ao meu lado na cama sempre mais preguiçosa do que eu, manhosa, deitada, me pedindo um café com leite ou suquinho de laranja, adoro o movimento que os lábios dela fazem quando ela fala suquinho. É, tirando o tempo que uso para pensar sobre Heráclito e Parmênides e sobre toda aquela teoria do movimento, aquele lance de Phýsis, cosmos, harmonia, deuses, grécia antiga e. Tirando todo esse tempo, o meu mundo gira em torno de outro mundo completamente oposto, giro em torno de uma impermanência vibrante, falante, colorida, intensa, visceral. Logo eu. Logo eu que transmito gratuitamente à ela toda a minha permanência, a minha presença, meus dedos e os braços, as pernas, os ouvidos, pescoço, garganta, língua, rins, fígado, pulmão e coração. E todas as veias, e tecidos, músculos e células. Minha alma. Todas as minhas memórias são dela. Toda lembrança, toda música, novelas, filmes, fotos, fatos. E não, não pensem que é algo unilateral, que só eu me doo. Eu sei, ela é toda minha também, ela não consegue se afastar, a casa dela sou eu, o ar que ela respira sai do meu nariz, o coração dela só bate após o meu, o equilíbrio dela? eu! Todo esse brilho que ela tem, toda essa vida, esse corpo duro e saudável é meu, é tudo por mim, o objetivo da vida dela sou eu. O mundo dela também gira em torno do meu, nos encontramos sempre nesse movimento circular constante. Nos entregamos, nunca resistimos ao charme do outro, a voz do outro, ao calor do outro. Ela é a minha arte, minha poesia, meu soneto, meu tom. Sempre que ela me chega, fecho os olhos sem medo. Eu sei o que me desperta todas as manhãs. A minha vida dorme ao lado.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sastisfação, minha jente!

Bom, vou voltar a atualizar aqui logo logo! Tô cheia de idéias e de inspiração. Vamos torcer! Também preciso de calma pra organizar tudo antes de pôr em prática, capiche?! É, é isso. Provavelmente depois do carnaval (eu mereço!!!!), eu começo tudo novamente.

saúde e paz!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

de M pra mim.

"Não sei como desejar um feliz aniversário melhor pra ti,
afinal de contas sou apenas um sujeito comum,
falando de coisas comuns, como todos os outros,
E repleto de sentimentos comuns; a massa falante,
Quiçá, pensante e aspirando momentos vindouros...

Vindouros de esperança e desejo! Querendo,
Quase que sem parar, o que Platão já falava...
Belo, bom e útil... E nada de novo, novamente.
Olhar figura impar... Irreverente e ainda indecisa,
Broto e aspirante ao devir, com sorriso de sol,
desejante do infinito neste instante e não depois...
Estrela que se inflama ao desejar o mar...

Da incógnita que se revela da personalidade insondável,
Dos mistérios dos olhos sinuosamente ornados,
Envergonhados e fugidios, transbordam o futuro...
A fome de vida, de liberdade, ainda que não se saiba,
Ao certo o que fazer com ela...

Beijos do amigo,

M."