terça-feira, 26 de julho de 2011

Eu não preciso me explicar.

Dos conflitos genuinamente terrenos, eis que alguns se vão com o tempo, como o vento, enquanto que outros duram, ultrapassam barreiras, se instalam na sua vida como uma doença. Filósofos morreram cansados de tentar encontrar explicação pros desencontros oriundos da existência humana. O ponto de estofo nunca é alcançado e quando o é, dura menos que três segundos. Talvez a explicação fosse a melhor saída, mas o que se impõe são as reticências, talvez a dúvida seja a melhor pedida. A incompreensão é parte indispensável na morada da terra, nas relações afetivas, no cotidiano. Saber demais, se explicar demais, entedia. Um ócio que destrói. E não há nada melhor do que mergulhar fundo nesses desencontros perfeitos, nessa paz que é a ignorância, o desconhecimento de si e do outro. A possibilidade de entendimento está no caminho oposto.

Da complexidade da inspiração.

Dentre os desejos mais íntimos e utópicos, escrever é um deles. Melhor: viver da escrita é um deles. Tudo bem que seria uma profissão bastante instável, afinal não se encontra inspiração na esquina e nem é todo dia que se sofre de amor. Mas às vezes dá vontade de largar tudo. Vida social, família, amigos, psicologias, filosofias, divãs e etc., para se eternizar numa cadeira confortável, ergonometricamente feita para quem ama a arte de se expor. Para aqueles que sentem prazer em se vender por tão pouco; por nada. Que encontram motivo em qualquer sinal escondido do corpo, em qualquer asfalto, em qualquer céu. Nos dias em que fui mais triste, fui mais feliz. Escrever tem dessas coisas.