sábado, 23 de outubro de 2010

amando atingimos as raízes do ser, dos buracos sem fim, enfim, se desvelam as luzes. porque quando amamos sentimos no fundo algo muito profundo, inundando os lugares mais estreitos, os menores espaços são todos ocupados por algo que fertiliza, e então mais raízes. raízes grandes, daquelas que ocupam grandes espaços, que ocupam corpo inteiro, perfuram órgãos vitais, órgãos banais, introduzem-se neles sem pedido de licença, sem mais concessões. que por ora nos fazem acreditar que não precisamos mais de espinha dorsal, veias, cerebelo, o que sustenta mesmo são essas raízes, esses braços que abraçam e embaraçam totalmente o movimento, turvando a vista, alterando deliberadamente todos os sentidos, desorganização plena e bem quista. caos. amor.



Neruda conhece o poder das raízes.

domingo, 3 de outubro de 2010

Perene


Escute, eu não faço questão nenhuma de passar 40 minutos sentada ao teu lado te explicando filosofia. Pouco me importa se amanhã vou precisar acordar mais cedo, a vida às vezes tem dessas coisas: trabalho, curso, compromisso. Também não ligo se, em certos momentos, vou ter que respirar mais fundo e contar até 10, até 100 pra manter o equilíbrio, juro, eu não ligo. Sim, eu quero sim ficar contigo nos dias de chuva ou de sol, sei lá, nos dias, na vida, eu quero isso. Quero ouvir teu silêncio, aquele que surge após alguma indagação minha, sobre nós, sobre a vida, sobre. Quem sabe satisfazer teus desejos de homem maduro, aqueles sonhos de quem "já passou dessa fase", aquele lugar, aquela casa, aquela família. Tudo aquilo que se divide com o outro, o desejo em comum, aquilo que, embora imprevisível, esperamos que o outro também queira e também espere. Me esforço imensamente pra fazer com que tudo permaneça bem, ma-ra-vi-lho-so, mesmo com as mudanças que irão acontecer, mas que fiquemos juntos, crescendo, amando. E que tu queira o mesmo, e deseje e sonhe e sinta. Quero beijar tua cabeça branca, quero teus olhos cansados de um dia inteiro, teu coração ainda pulsante na minha mão ainda sensível, teu último suspiro.