domingo, 15 de março de 2009

verosímil

É que exatamente na hora em que ela me ligou eu estava na parte crucial daquele livro que eu te falei, e era quando eu descobriria o que aconteceu com o papel que estava no chão e não foi apanhado, e com o rapaz que já não era mais livre, ele não fazia mais o que queria, ou não conseguia fazer, como por exemplo, apanhar o papel do chão. aquele livro se apropriou de mim, de fato eu me encontrava em outra dimensão, era muito surreal! eu me vi perdida por entre aquelas letrinhas, aquele papel amarelo cheio de poeira e ácaros. e fui me permitindo conhecer o eu daquele homem em desespero, naquela mesa de bar observando os celibatários alucinados bebendo e falando alto. fui submergindo, e indo, e indo... até não ter mais domínio sobre as minhas vontades. não consegui parar de lê-lo. eu estava presa, e não houve nenhuma tentativa de resistência. é engraçado porque ninguém acredita que eu não fui à festa por esse motivo, aparentemente, tão banal. mas é tudo verdade, é tudo verdade, acreditem! eu precisei me afundar naquilo, apreender todo aquele dilema, aquela situação, pra só depois me ver livre do todo. foi um alívio quando consegui chegar ao final. emergi do fundo daquela outra vida, cheia de ambiguidades, de vazios, de mesas de bar, de pessoas falando alto e ininterruptamente. talvez ele nem pudesse ouvir o seu próprio pensamento. talvez ele nem pensasse mais. é, fica pra próxima!

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