segunda-feira, 8 de junho de 2009

A culpa é de Dora.

Dor de cabeça insuportável. Folhas e pontas de cigarro espalhadas pelo chão da sala. Dora quebrou o vidro do centro, bêbada. Agora só cabe um copo e um cinzeiro em cima. Não tem mais espaço algum na pia, panelas e pratos e copos, talheres. Acho até que faltou água, não sei. Há dias não sei o que é um banho. Não abri as janelas hoje, e já são cinco horas da tarde, acho que o sol se pôs. Sei o que devo fazer, mas não quero. Eles me dizem o que eu deveria, onde eu deveria, com quem eu. Não quero. E isso importa. Só! Sei dos meus passos, quando caminho em contramão: eu sei. Eu me conheço até onde os meus sentidos me permitem. Me toco, me olho, me sinto, me sei muito bem. Conheço todas as minhas cavidades, internas, externas, literais. As faltas, ausências, urgências: conheço todas mais do que a palma da minha mão. Enrrugada, por sinal. Tenho 32 anos e sei perfeitamente o que quero. Moro só, pago algumas contas quando dá, quando não dá, eu fumo. É isso. Eu fumo, trago, tudo, todo, eu sumo, me escondo, fecho as janelas, esqueço a pia, no centro ainda cabe um copo e um cinzeiro, tudo bem. Eu sei o que eu quero. Meu último cigarro acaba, não tenho mais pra onde correr. Tédio. Recorro aos remédios, pílulas, ansiolíticos, psicotrópicos, ápice, clímax. Durmo.

Um comentário:

Katarine Araújo. disse...

caos. bem caio. adoro tu escrevendo, não deixa... ;*