domingo, 17 de agosto de 2008

Addicted.

O que resta são os fatos, e algumas fotos. Os fósforos foram todos apagados, dos cigarros só ficaram as cinzas. Os medos? Ah, esses se foram junto com as roupas sujas, trancadas dentro daquela máquina na lavanderia. Os desejos estão na estante, agrupados por ordem alfabética, alguns com poeira em excesso em cima, outros amarelos de tão usados (desejados). As vergonhas estão de baixo da cama, óbvio. O perdão é tão leve que o vento levou, talvez esbarre em alguma pipa por aí.
A esperança é um rio, mas só se deve beber desse rio depois de todos os vícios. Os vícios são a salvação antes de recorrermos à esperança. Ela é a última, afinal. Por isso que ele escreve, é viciado nisso, e mesmo diante de todas as perdas, diante de todos os sentidos vivos em cima da mesa, ele prefere escrever a ter que se lamentar, prefere escrever a ter que sentir. Pra ele sentir é se perder, e ele prefere o vício à vida. Ele prefere deixar as roupas na lavanderia, não varre de baixo da cama, não limpa toda a estante, e deixa sempre as janelas abertas. O rio é muito longe de onde ele mora. Por isso que ele não existe, e o que fica, além de fatos, fotos, são as letras escritas pelo vento que entra sem cessar pela janela que ficou aberta depois de tudo. Fim.


(não sei o quê falta alguma coisa, mas...)

Um comentário:

*** Cris *** disse...

Sempre falta alguma coisa.

Obrigada pela visita, apareça sempre.
Um abraço!